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INTERNATIONAL CURRENT SITUATION, EDUCATION AND ECONOMIC KNOWLEDGE IN A GLOBAL CONTEXT

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INTERNATIONAL CURRENT SITUATION, EDUCATION AND ECONOMIC KNOWLEDGE IN A GLOBAL CONTEXT



Abstract: This paper aims to analyze the change in the global economic environment, focusing on the increased importance of the knowledge economy and its relationship to education. In the current international context, the decline of the U.S. economy stands out, whose main cause is their prolonged and rising trade deficit, and its outcome is still uncertain. The rearrangement in the geopolitical world of the XXI century is accompanied by a new feature, the 'economy of knowledge', in which the culture, knowledge and new technologies are acquiring fundamental importance in economic development. Knowledge economy magnitude is not only the structured, but also the tacit knowledge, represented by capacity for innovation and motivation, integrated by emotional intelligence. In this global context, education acquired a new role and greater importance. The concepts of interculturality and multiculturalism have to be worked in pursuit of needed integration to develop knowledge economy. The culture grows in importance, both in the field of 'Culture' with capital, with regard to great discoveries and bequest in writings, as in the field of culture in lower case, referring to culture of understanding the behavior of people and acting in group. In times of knowledge globalization, it becomes increasingly important to learn, to think, to link ideas and develop emotional intelligence.

Key words: current international context; education, globalization, knowledge.

Introduao

Uma das caractersticas mais marcantes da atualidade a crescente globalizaao tanto em aspectos econmicos, como educacionais e culturais. No contexto econmico destacam-se as notcias cada vez mais freqentes sobre instabilidades financeiras, bem como dvidas sobre o surgimento de uma eventual crise de proporao, possivelmente elevada, em funao de problemas apresentados pelos Estados Unidos, principal economia do planeta. Percebe-se tambm uma maior presena de pases emergentes, num eventual rearranjo poltico-econmico global.

Desde o incio do sculo XX, especialmente na segunda metade, tem aumentado o nmero de empresas produtivas, que contm em sua estrutura laboratrios de pesquisa, bem como, instituiões cientficas de pesquisa, que implantaram mtodos de produao. Agora, o rearranjo na geopoltica mundial do sculo XXI vem acompanhado por uma nova caracterstica, a economia do conhecimento, na qual a cultura, o saber institucionalizado e as novas tecnologias vêm adquirindo importancia fundamental no desenvolvimento econmico dos pases.

A educaao adquire um novo papel e maior importancia nesse contexto globalizado, no qual depara-se com uma complexidade maior em funao do aumento do multiculturalismo. Nesse caso, o educador pode atuar para fortalecer o dilogo, ajudando a demonstrar que a vida democrtica pode acomodar diversidades de interesses e identidades. Ao mesmo tempo, importante educar e educar-se para participar da nova sociedade do conhecimento, desenvolvendo hbitos de aprender a pesquisar, buscar, selecionar e ser capaz de saber aprender e aprender a saber.

Conjuntura Internacional

As notcias sobre instabilidades financeiras e crise econmica têm sido relativamente constantes nos ltimos meses. Apesar do medo que a palavra crise pode provocar, etimologicamente ela remete a um processo de mudana, que pode ser para melhor ou para pior. As turbulências financeiras internacionais j atingiram as principais economias ocidentais, em questao de tempo vao acabar afetando tambm os pases emergentes, e em ltima instancia, a economia das famlias, na qual o efeito ser percebido diretamente.

Os EUA, principal economia do planeta, nas ltimas dcadas tem tido um consumo maior do que sua produao, o que resulta em dficits comerciais contnuos e num aumento da dvida. À medida que a dvida dos EUA vai aumentando, vao surgindo dvidas sobre a solidez do dlar. Num primeiro momento, alguns investidores procurarao resguardar seus recursos em outra parte. Na medida em que aumenta a desconfiana no dlar em funao do aumento da dvida, mais recursos migrarao do dlar para euros, yenes, ou yuanes, a moeda chinesa, apesar dos controles de capital que a China mantm.

Conforme Joseph Stiglitz (2006), o abandono do dlar pode ocorrer de duas formas: (i) de forma metdica e suave, ocorrendo em um perodo de meses ou de anos; (ii) ou pode ocorrer de forma brusca, sem nenhum mtodo, em forma de crash. No primeiro caso, o mercado de valores somente experimentaria uma leve intranqilidade, podendo inclusive continuar subindo. No segundo caso, a economia estadunidense entraria em crise, sendo muito difcil prever que tipo de acontecimento poderia precipitar a referida crise. Enquanto o crescente endividamento dos EUA a principal causa da instabilidade financeira global, a contrapartida deste endividamento a grande quantidade de dlares comprados principalmente pela China e Japao, o que tem contribudo para a estabilidade. No entanto isso gera um problema para esses dois ltimos pases. Eles possuem tantos dlares que, se quiserem vender uma parte significativa deles, essa venda provocar a desvalorizaao do dlar, o que por sua vez, provocar perdas acentuadas nos dlares remanescentes que permanecem em seu poder.

Os possuidores de reservas em dlares, dentre os quais se destacam os Bancos Centrais de diversos pases, estao tentando imaginar como vender os dlares sem precipitar uma avalancha de vendas, ou seja, a crise. Ningum deseja uma crise dessa ordem, mas igualmente ningum quer ser surpreendido de um dia para o outro com o cofre cheio de dlares que perderam o seu valor. Estima-se que a quantidade de dlares em maos de investidores esteja em torno de US$ 5 trilhões, de onde surge a pergunta: qual seria o melhor caminho para se desfazer dos dlares antes de uma provvel crise? Nesse contexto, cabe acrescentar o problema das hipotecas sem pagamento e as dvidas de alguns grandes bancos. Estariam os EUA caminhando para uma aterragem drstica de sua economia? Quando ocorrer a crise nos EUA, seus efeitos vao atingir o resto do mundo?

Algumas mudanas se darao de forma inevitvel, como por exemplo a entrada da China no cenrio global como economia industrial forte. As instabilidades que caracterizaram os mercados financeiros globais nas ltimas duas dcadas, especialmente a crise financeira global de 1997-98, as crises latino-americanas e a depreciaao do dlar que se iniciou em 2002, fazem pensar que o sistema financeiro global deveria ser alterado. A questao j nao tanto se estas alteraões vao acontecer ou nao, senao quando acontecerao. E o que mais importante, se acontecerao antes ou depois que se produza outra srie de crises globais. O ideal nao seria esperar para evitar fazer mudanas às pressas, j que depois de uma crise parece nao ser a melhor maneira de reformar o sistema econmico global.

No contexto econmico j se aceitam as limitaões do livre mercado. Os escandalos da dcada de noventa, principalmente nos Estados Unidos, derrubaram o estilo financeiro e capitalista estadunidense do pedestal em que permaneceu durante algum tempo. Num sentido mais amplo, se est reconhecendo que a perspectiva do Consenso de Washington pode ser contrria ao desenvolvimento econmico, o qual requer um planejamento a longo prazo. Nesse caminho de mudanas, de grande importancia a transparência dos processos democrticos, pois bem provvel que as pessoas informadas procurem coibir os abusos produzidos pelos interesses corporativos particulares e financeiros, presentes de forma acentuada no atual processo de globalizaao.

Mesmo contando com o apoio de foras polticas e econmicas, a globalizaao e o crescimento econmico nao ocorrem de forma automtica. O fato de essa globalizaao ter provocado a reduao do nvel de vida de muitas pessoas, e at de pases, e ter colocado em perigo alguns valores culturais fundamentais tem provocado reaões polticas contrrias a sua continuidade.

Os modelos de crescimento econmico às vezes afirmam que necessrio optar entre crescimento ou desigualdade, o que nao verdadeiro. O debate somente tem sentido se associado a uma reflexao sobre a distribuiao da riqueza. Poderia-se pensar em um crescimento menos agressivo, mas as leis do mercado nao costumam atender a essa dimensao moral da economia. Os governos poderiam incrementar o crescimento aumentando a integraao. Partindo do princpio de que a maior riqueza de um pas a sua populaao, se pode afirmar que de fundamental importancia que todos possam alcanar seu potencial, e para isso faz-se necessrio que todos tenham a oportunidade de receber educaao.

Outro aspecto a considerar que a educaao gera coesao social e solidariedade, requisitos importantes numa sociedade. A incapacidade de fomentar a solidariedade social pode gerar outros custos, como o gasto familiar e econmico que requer a proteao da propriedade ou mesmo os gastos para manter os presos na cadeia, que nao nada desprezvel. A educaao pode propiciar a busca de valores comuns entre as culturas, sem idias preconcebidas e sem imposiões unilaterais, constituindo-se numa forma de recuperar o potencial emancipador dos direitos humanos, que remete a futuro fraterno para a humanidade.

Carlos Alberto Torres (2001) comenta a necessidade, no mundo atual, de combater o dficit moral, caracterizado principalmente pela corrupao presente tanto entre os ricos como entre os pobres, e o dficit de solidariedade, caracterizado principalmente pela sonegaao de impostos. Segundo esse autor, a escola pode contribuir para reduzi-los, mas para que isso acontea preciso que as pessoas tenham as necessidades materiais bsicas atendidas. Nesse sentido, faz-se necessria a preocupaao pela forma de distribuiao dos bens e servios na sociedade, lutando-se pelo combate à pobreza, pela redistribuiao e pela igualdade.

As idias, ou dvidas, sobre os benefcios do comrcio e da liberalizaao do mercado de capital e seus efeitos no crescimento, bem como as experiências reais dessas reformas, tendem a modificar o curso da globalizaao econmica.. O mesmo ocorre com os acontecimentos de repercussao global, como nos casos dos ataques do 11-S e conseqente guerra ao terrorismo, a guerra do Iraque e a ascensao no cenrio mundial de pases emergentes, como China, Rssia, ndia e Brasil denominados pases BRIC.

Segundo Parag Khanna (2008), a distribuiao do poder se alterou ao longo dos dois mandatos presidenciais de George W. Bush. Muitos viram as invasões do Afeganistao e Iraque como smbolos de um imperialismo estadunidense global. O momento unipolar dos EUA inspirou movimentos financeiros e diplomticos para imped-los de construrem uma ordem mundial nica. Na melhor das hipteses, a fase unipolar dos EUA ocorreu durante a dcada de 90. Atualmente, para a liderana do espao geopoltico estao competindo outras potências, como a Uniao Europia e a China no Oriente, o que alterou um globo que at recentemente gravitava em torno do pr ou antiamericanismo.

A Europa hoje pode ser vista como quem melhor representa os ideais democrtico-liberais. A Uniao Europia pode, por exemplo, apoiar os princpios das Naões Unidas, que os EUA outrora dominaram. Nessa nova ordem, surgem alguns questionamentos. Por quanto tempo ela conseguir manter esse apoio à medida que seus prprios padrões sociais se elevam bem acima desse denominador comum mnimo? E por que a China e outros pases emergentes deveriam ser participantes responsveis numa ordem internacional liderada pelos EUA, quando eles nao têm assento na mesa em que as regras sao elaboradas? Mesmo com os EUA avanando aos tropeos na direao do multilateralismo, os outros estao saindo do jogo estadunidense e seguindo suas prprias regras.

Alm disso, geograficamente os EUA estao ss, enquanto que a Europa e China ocupam as duas extremidades da grande massa de terra continental eurasiana, o centro de gravidade da geopoltica. A questao central talvez nao seja quem vai substituir os EUA, mas como ir se compor a paisagem geopoltica, certamente de forma multicultural, complexa, repleta de desafios transnacionais, do terrorismo ao aquecimento global, impensvel para uma nica autoridade.

Educaao e Economia do Conhecimento

Dentro da escassez de recursos caracterstica da maioria dos oramentos, a sociedade atribui grande importancia à educaao e destina considerveis esforos no desenvolvimento e na disseminaao do conhecimento e da cultura em geral. De modo particular, cabe uma anlise da funao que desempenha o conhecimento na economia, relacionado com os esforos para alcanar o desenvolvimento econmico e social.

Existem vrias experiências de investimentos na criaao de Plos de Excelência, dedicados especialmente à pesquisa e ao desenvolvimento cientfico. Esses investimentos podem ser entendidos como uma experiência cientfica e como uma operaao econmica de investimento e retorno. O fenmeno essencial a conexao entre a ciência (construao sistematizada do conhecimento novo) e a economia.

Desde o incio do sculo XX, especialmente na segunda metade, tem aumentado o nmero de empresas produtivas que contm em sua estrutura laboratrios de pesquisa, bem como, instituiões cientficas que implantaram mtodos de produao. Assim, o conhecimento passou a ter uma funao crescente na economia, podendo-se deduzir que a economia do sculo XXI ser baseada no conhecimento.

O que se verifica uma aproximaao cada vez maior entre a criaao do conhecimento e a utilizaao desse na economia. O cientfico trabalha pensando diretamente na aplicaao do conhecimento que cria, na produao ou nos servios. A economia, por sua vez, demanda a criaao dos conhecimentos que necessita. Essa integraao gera efeitos como a concorrência pela diferenciaao dos produtos. A cada dia surgem produtos novos e o êxito econmico depende nao somente de produzir muito e barato, mas de produzir produtos diferentes e melhores, que vao substituindo os anteriores. Na maior parte da economia, o que est acontecendo que o peso relativo do conhecimento vai aumentando. Isso est mais evidente em alguns setores, como computaao, microeletrnica, biotecnologia e telecomunicaões, que constituem os chamados setores de alta tecnologia.

Segundo Jordi Vilaseca Requena (2005), a atividade econmica se caracteriza por um profundo processo de transformaao. A globalizaao da produao, da demanda e dos mercados, com uma revoluao tecnolgica sem precedentes no capitalismo moderno, gera um processo de transiao para uma nova organizaao econmica. O deslocamento da atividade industrial para centros com custos mais baixos, as transformaões do mercado de trabalho e as alteraões estratgicas, organizativas ou produtivas na atividade empresarial seriam alguns dos objetivos que, tanto acadêmicos como empresrios e trabalhadores, devem enfrentar.

Outro fator importante a considerar em muitos casos o de que a quantidade de conhecimento e inovaao, que contm um produto ou servio, determina seu custo ou preo em proporao maior do que o componente material. Atualmente, quando se busca desenvolver uma determinada rea da economia, o principal questionamento deixou de ser se h disponibilidade de capital suficiente para investir, mas se existem os conhecimentos necessrios para tal. H algum tempo, o normal era que os possuidores de capital pudessem comprar o conhecimento que precisavam para iniciar um processo produtivo. Hoje cada vez mais comum que quem possua o conhecimento inovador possa mobilizar o capital necessrio.

A inovaao no conhecimento uma das variveis cruciais que permite aos pases obter vantagens competitivas de primeira ordem, que sao necessrias em um mundo cada vez mais globalizado economicamente. Nesse sentido, a criaao de conhecimento muito mais que um mero processo de Ciência e Tecnologia, pois os processos de inovaao e de capital intelectual competem estreitamente em uma base global. Infelizmente, os pases do Terceiro Mundo estao de certa forma afastados deste processo, principalmente por causa da falta de recursos econmicos, como, por exemplo, no caso brasileiro, em funao do pagamento de juros da dvida pblica, que absorvem grande parte do oramento nacional. Nesses processos de investimento para criaao de conhecimento, pode-se afirmar que a intervenao Estatal positiva, pois cria efeitos indiretos na economia, fomentando o crescimento econmico e a coesao social.

O conhecimento economicamente relevante nao somente o estruturado, mas tambm o implcito, bem como a capacidade de inovaao e motivaao, dependendo por isso da cultura em geral. A conseqência disso que o desenvolvimento econmico necessita do crescimento rpido da quantidade de conhecimento disponvel e da quantidade de pessoas que o possuem. Nao se trata somente do conhecimento cientfico no sentido tradicional, como uma frmula constante num livro, conhecido como conhecimento estruturado. Cada vez mais aumenta a importancia do conhecimento emprico, como um valor agregado, que est na experiência das pessoas e nao facilmente descritvel. A atitude perante uma atualizaao permanente, perante mudanas ou inovaões, nao deixa de ser uma atitude cultural, j que depende da escala de valores, da motivaao, enfim, da cultura geral e da visao de mundo do indivduo. O trabalhador motivado, curioso, comunicador de suas experiências, estudioso e criador o protagonista da economia do conhecimento.

Para criar um ambiente motivador, a educaao deveria ser interpretada em termos de seus resultados finais, ou seja, a busca do aumento do conhecimento que as pessoas precisam para desempenhar sua funao no trabalho e conseguir uma boa qualidade de vida. Nesse sentido, as polticas educacionais deveriam incluir, entre outras coisas, a educaao por conta prpria, processos de educaao dentro das famlias e grupos sociais, o uso da informaao e o uso dos meios de comunicaao indo alm do provimento da escola formal. Conforme Torres (2001), a escola nao pode limitar-se a reproduzir conhecimento, mas precisa ser um local de produao e questionamento dos conhecimentos.

A educaao pode ser um instrumento poderoso para atingir a igualdade de oportunidades, mais eficaz qui do que a igualdade de rendimentos. Poderia-se afirmar que a igualdade de rendimentos tende a ser atingida quando se obtm a igualdade de oportunidades. A acumulaao de conhecimento passa a ser um suporte bsico ao crescimento econmico associado com sustentabilidade e eqidade. A ciência e a tecnologia proporcionam as alteraões nas funões de produao necessrias à geraao do crescimento econmico. Assim, a ciência e tecnologia dao forma ao processo de crescimento, e portanto deveriam ser orientadas aos objetivos de sustentabilidade e eqidade As polticas de ciência e tecnologia deveriam incluir (i) fcil acesso para pequenas e mdias empresas a conhecimento disponvel; e (ii) medidas para proteger os direitos de propriedade intelectual, mas compatveis com as polticas de livre concorrência.

H correntes que afirmam que a criatividade das pessoas na economia do conhecimento requer motivaao, e que a apropriaao privada dos resultados dificulta a motivaao criadora. Sustentam tambm que o conhecimento requer circulaao ampla e que o amplo uso do conhecimento seu principal fator de estmulo. Nesse sentido, a lei de propriedade intelectual poderia ser um inibidor dessa liberdade de circulaao, prejudicando a livre concorrência.

Por outro lado, a crescente integraao da ciência dentro da economia um processo que dependente do contexto poltico. Tendo em vista que em muitos casos o conhecimento o fator mais importante da produao, surgem mecanismos e disputas visando a sua apropriaao, como o caso da lei de patentes. Num sentido macro, envolvendo as transaões entre pases, se poderia inscrever, nesse contexto, situaões como o deslocamento de pessoas com conhecimentos de um pas para outro, freqentemente denominado roubo de crebros, onde foi a sociedade do pas de origem que financiou a formaao desse profissional. Se compararmos a circulaao do conhecimento à circulaao do capital, poderia-se estabelecer uma analogia nos seguintes termos: o capital est associado a pessoas (propriedade privada) e as pessoas com capital têm circulaao praticamente livre no atual contexto; de forma anloga, o conhecimento est associado a pessoas (formaao) e essas pessoas tambm têm sua circulaao facilitada entre os pases.

Para passar à economia do conhecimento seria importante converter o mtodo cientfico em um componente da cultura geral, o que pressupõe a capacidade do uso deste pelas pessoas. O mtodo cientfico, alm do uso em equipes de pesquisa, tambm pode ser uma disciplina de pensamento. A pessoa identifica um problema, busca informaao sobre a questao, formula uma hiptese sobre como resolver esse problema e desenha uma experiência para verificar se a hiptese verdadeira ou falsa. E se falsa, comea o ciclo novamente.

Mas cabe lembrar que, quando se menciona capital humano, nao se fala somente da quantidade de conhecimentos tcnicos/cientficos de um indivduo. Tambm importante o ensino, a criaao e a defesa de valores ticos, de coesao social e solidariedade. Os conhecimentos tcnicos podem nos ensinar como se trabalha, mas sao os valores morais que nos fazem compreender por que se trabalha, e deles se obtm a motivaao e energia para prosseguir.

A educaao adquire um novo papel e maior importancia, nesse contexto globalizado. Os conceitos de interculturalidade e multiculturalidade precisam ser revisados na busca da integraao necessria para desenvolver a economia do conhecimento¹. Em diversas localidades, cidades ou pases, comum existirem vrias culturas sem que uma delas predomine, porm separadas geograficamente, o que se convencionou chamar de mosaico cultural, multiculturalismo ou pluralismo cultural. Miquel Rodrigo Alsina (1999) afirma que toda cultura basicamente pluricultural, ou seja, se formou e continua se formando a partir dos contatos entre diferentes comunidades que apresentam seus modos de pensar, sentir e agir. As trocas culturais nao terao todas as mesmas caractersticas e efeitos, mas a partir destes contatos que se produz a mestiagem cultural. Segundo o autor, uma cultura evoluciona atravs do contato com outras culturas. Enquanto o conceito de pluricultural serve para caracterizar uma determinada situaao, a interculturalidade descreve uma relaao entre culturas, que supõe uma relaao respeitosa entre elas.

Na doutrina multiculturalista est presente a idia de que as culturas minoritrias sao discriminadas, implicando reivindicaões e conquistas das chamadas minorias, como por exemplo, negros, ndios, mulheres ou homossexuais. Dessa forma, o multiculturalismo apresenta uma visao contrria a interpretaões etnocêntricas, as quais têm uma visao de mundo a partir de sociedades dominantes, que se consideram mais importantes que as demais.

Segundo Torres (2001), o multiculturalismo se intensificou com a globalizaao, aumentando o surgimento de diversas identidades baseadas nas escolhas pessoais. Essa complexidade aparece em sala de aula e o professor precisa saber lidar com ela. Pode deparar-se com circunstancias que lhe sao culturalmente pouco familiares. Nesse caso, compreender a maneira como a pessoa se posiciona, perante determinadas situaões, pode ajudar a compreender sua reaao. O professor deve auxiliar na interpretaao, tanto dos conhecimentos, como das culturas e identidades. Nesse caso, como ser social, deve colocar-se no lugar do outro, pois essa atitude faz parte do progresso cognitivo, como j referia Jean Piaget (

A diversidade cultural e tnica às vezes vista como negativa, mas tambm pode ser vista como fator positivo, de enriquecimento e abertura de novas possibilidades. Torres (2001) afirma que o professor pode atuar para fortalecer o dilogo, ajudando a demonstrar que a vida democrtica pode acomodar diversidade de interesses, identidades e ideologias, tendo como base os direitos humanos.

A cultura cresce em importancia, tanto no campo da Cultura com maiscula, referente às grandes descobertas e legados escritos, como no campo da cultura com minscula, que se refere à cultura para entender o comportamento das pessoas e à capacidade para a motivaao e atuaao em grupo. Em tempos de globalizaao do saber, torna-se cada vez mais importante aprender a pensar, a relacionar idias e desenvolver a inteligência do valor das emoões, j que o plano simblico tambm uma necessidade de coesao nas pessoas.

A degradaao dos valores ticos est aumentando e vai corrompendo e acabando com a convivência humana, com a segurana e a tranqilidade das pessoas. Ao mesmo tempo, gera novos problemas, que precisam ser enfrentados com novas atitudes para reconstruir valores perdidos ou construir novos, que permitam orientar comportamentos individuais e coletivos. Diante dessa problemtica, os profissionais da educaao e das humanidades sentem a necessidade de planteamentos pedaggicos que posam ser transformadores, e formem uma educaao marcada pelos valores ticos, com modelos de aprendizagem que auxiliem a resolver conflitos morais, como almejava Paulo Freire (1996).

Um dos trabalhos tico-pedaggicos de Edgar Morin (2005) evidencia a missao da educaao do futuro, que obrigatoriamente debe estar baseada na compreensao entre as pessoas como condiao e garantia de solidariedade intelectual e moral da humanidade. Para Morin, compreender um procedimento humano que vai alm da simples aprendizagem intelectual, e por isso requer realmente empatia, identificaao e projeao, que resulta em abertura, tolerancia, simpatia e generosidade, tudo isso inserido num processo que implica aprendizagem e reaprendizagem permanente.

Nesse caso, a pessoa deve realizar um auto-exame de si mesma, compreender-se para compreender os demais, suas idias, sentimentos e principalmente percepões de mundo. H que educar desde e para a solidariedade e para o respeito aos indivduos, suas crenas, seus rituais, seus costumes e liberdades, procurando vencer o egocentrismo, a mentira, a desonra, a duplicidade de carter, enfim, atos contrrios à convivência eticamente humana.

O pensamento de Morin (2005) sustenta que o ensino da compreensao entre os indivduos leva à compreensao entre as culturas e entre os povos, significando sociedades abertas e democrticas, porque, conforme o autor, a compreensao ao mesmo tempo meio e fim para a comunicaao humana. A idia de Morin, para ser vivel, precisa ser complementada com uma adequada aplicaao pedaggica dentro e fora dos espaos escolares e com uso criativo e definido da tecnologia da informaao e da comunicaao.

Torna-se cada vez mais necessrio e importante educar e educar-se para participar da nova sociedade do conhecimento, que nem sempre sinnimo de ser inteligente, mas ser capaz de saber aprender e aprender a saber. Dentro desses conceitos estao os hbitos de aprender a pesquisar, buscar, selecionar, analisar e valorizar o universo que nos rodeia. imperativo identificar-se como parte do contexto universal, bem como do universo que emerge de ns mesmos.

Consideraões finais

No atual contexto da conjuntura mundial destaca-se o declnio da economia dos Estados Unidos, cuja causa principal o prolongado e ascendente dficit comercial desse pas, e cujo desfecho ainda uma incerteza. Num mundo globalizado, esse declnio tambm influir no arranjo poltico, no qual j se percebe o maior destaque que cobram pases como o Brasil, China e ndia, estimulados por seu crescimento econmico.

O conhecimento passou a ter uma funao crescente na economia, podendo-se deduzir que a economia do sculo XXI ser uma economia baseada no conhecimento. O que se verifica uma aproximaao cada vez maior entre a criaao do conhecimento e a utilizaao desse na economia. O conhecimento adquire um peso econmico cada vez maior. Atualmente mais comum que aquele que detm o conhecimento inovador consiga mobilizar o capital necessrio para coloc-lo em produao, diferentemente de como ocorria h pouco tempo.

O conhecimento economicamente relevante nao somente o sistematizado, mas tambm o conhecimento tcito, representado pela capacidade de inovaao e motivaao, integrando a inteligência relativa ao valor das emoões e da criatividade. Nesse contexto, a escola nao pode limitar-se a reproduzir conhecimento, mas precisa ser um local de produao de conhecimento. Na busca desse objetivo, as polticas educacionais deveriam incluir, entre outras coisas, a educaao por conta prpria, processos de educaao dentro das famlias e grupos sociais, o uso da informaao e o uso dos meios de comunicaao.

A educaao um instrumento poderoso para atingir a igualdade de oportunidades, mais eficaz qui do que a igualdade de rendimentos. A acumulaao de conhecimento passa a ser um suporte bsico ao crescimento econmico associado com sustentabilidade e eqidade A escola pode desempenhar um papel importante no atingimento dessas metas, mas para que isso acontea preciso que as necessidades materiais bsicas dos envolvidos estejam atendidas. Nesse sentido, faz-se necessria a preocupaao pela forma de distribuiao dos bens e servios na sociedade, lutando-se pelo combate à pobreza, pela redistribuiao e pela igualdade.

A educaao adquire um novo papel e maior importancia, nesse mundo globalizado. Os conceitos de interculturalidade e multiculturalidade precisam ser trabalhados na busca da integraao necessria para desenvolver a economia do conhecimento. Em tempos de globalizaao do saber, torna-se cada vez mais importante aprender a aprender, a pensar, a relacionar idias e desenvolver a capacidade de auto-conhecimento.

Compreender as dimensões de valores e as controvrsias do mundo multidiverso e intercultural, e assumir a necessidade de uma participaao poltico pedaggica, para orientar e dirigir o andar dos novos tempos, debe ser o marco de um trabalho cooperativo destinado a oferecer um mundo melhor.

Notas

1. Conforme a Homepage https://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem_Intercultural, para as Organizaões Internacionais envolvidas nesta rea do fenmeno intercultural, a expressao Aprendizagem Intercultural significa:

Uma nova situaao de aprendizagem na qual os intervenientes sao ajudados a encarar as diferenas que os separam como fontes de onde podem obter uma maior consciência deles prprios e nao como desvios das normas estabelecidas; uma situaao onde cada cultura explicada no contexto das outras atravs de um processo que estimula a introspecao, a curiosidade pelos outros e a compreensao da interaao entre ambas. Trata-se de um processo que deve envolver os intervenientes tanto intelectual como emotionalmente.

Referências Bibliogrficas:

Ffreiere, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessrios à prtica educativa. Sao Paulo: Paz e Terra.

Khanna, P. (2008). The second world: empires and influence in the new global order. New York: Random House.

Morin, E. (2005). Los siete saberes necesarios para la educacin del futuro. Barcelona: Paids Ibrica.

Piaget, J. (1977). tudes Sociologiques. Genebra: Droz.

Rodrigo Alsina, M. (1999). La comunicacin intercultural. Barcelona: Anthropos Editorial.

Stiglitz, J.E. (2006). Cmo hacer que funcione la globalizacin. Madrid: Taurus.

Torres, C.A. (2001). Democracia, Educaao e Multiculturalismo. Petrpolis: Vozes.

Vilaseca Requena, J. (2005). Principios de economa del conocimiento hacia una economa global del conocimiento. Madrid: Ediciones Pirmide.



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